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PORQUE FALAR SOBRE O NILTON?

                                                           PORQUE FALAR SOBRE O NILTON? Primeiro porque a vida del...

terça-feira, 1 de outubro de 2019

PORQUE FALAR SOBRE O NILTON?


                            





                              PORQUE FALAR SOBRE O NILTON?
Primeiro porque a vida dele é um grande aprendizado de fé, amor e vida. Segundo ele me ensina a cada dia a viver em meio a um turbilhão de acontecimentos e a terceira é a dor, mesmo ele sentindo dor, ele ainda se preocupava com quem estava ao seu redor. Ele é uma inspiração, é impossível não olhar para ele e não se emocionar e aprender.


APRENDENDO A VIVER COM O CÂNCER.



Viver é um verbo que carrega uma bagagem de significado. É um verbo intransitivo que significa: ter vida, continuar a existir, levar a vida. Também é um transitivo direto: aproveitar a vida  no que há de melhor. A melhor característica que cabe nesse contexto é "aproveitar a vida no que há de melhor", aproveitar o hoje, viver o hoje. E por mais que a vida nos mostre o contrário devemos ser firme e sempre acreditar que apesar das tribulações algo de bom virá, pensar positivo.
Viver o câncer no começo não foi fácil é difícil demais. Antes de termos o diagnóstico e do acompanhamento com oncologista quando estávamos correndo atrás da ressonância magnética, já que para criança na idade de 10 anos em muitos lugares não faziam e muito menos com contraste (é um medicamento injetado via acesso para realçar as lesões), eu pensei que o preço da ressonância tivesse um valor acessível, e não era. Ás vezes eu penso que Deus prepara tudo, mas somos tão apressados, queremos pra agora, não sabemos esperar. Ele envia pessoas para nos ajudar, essas pessoas são anjos que apareceram na nossa vida. O que nos deixava desesperados era a demora de fazer a ressonância. Depois que passamos pelo ortopedista no meio de outubro e ficamos sabendo da tumoração, tentamos a ressonância.  Demorou um pouco encontrar o local que tivesse um preço acessível. Enquanto estávamos tentando o Nilton Junior estava sem condições de ir a escola, a dipirona não era suficiente, a noite para dormir era de doer a alma. Ele não dormia, passava a noite sentado na cama segurando o braço.
 A ressonância: quem imaginava que ele passaria por esse exame duas vezes. A primeira vez que fizemos a ressonância no centro da cidade numa quarta feira à noite, ele chorou ao olhar um treco diferente e barulhento. O exame demoraria quinze dias, mas dez dias depois do exame a recepcionista me liga e pede para repetir o exame, dizendo que eu não pagaria nada e que houve um erro nas imagens. Marcamos para ir no sábado repetiu o exame e pegamos o exame. Depois do feriado voltamos ao ortopedista e ele nos deu o diagnóstico de que o Junior estava com câncer. Eu não desconfiei da repetição da ressonância, mais as duas imagens estava no envelope do exame, depois que a gente acorda e percebi que a repetição do exame era para confirmar a suspeita do tumor.
Só dipirona não era suficiente, mas enquanto não soubessem o tipo de câncer não poderiam passar o remédio. Quando ele fez a biópsia para poder diagnosticar o tipo de tumor e poder iniciar o tratamento. A dor no ombro dele aumentou nossa senhora! Eu me segurava para não chorar na frente dele, o braço dele ficou vermelho, era de doer vê-lo assim. Mas ele já tinha começado tomar remédio pra dor. Eu sempre me pergunto de onde vem a minha força? Porque se não fosse Deus eu acho que estaria louca. É tudo um grande e longo processo de aceitação tanto pra mim quanto para o Nilton Junior. Eu ainda estava afastada das orações, o Junior não aceitava ouvir o nome de Deus.
Não era por que eu não acreditava mais em Deus ou tinha perdido a minha fé, eu estava em choque, tudo foi muito rápido. É muita coisa para associar e raciocinar, mesmo as pessoas me dizendo que Deus estava ali, que foi Deus que mostrou eu estava triste por ser meu filho, ele estava tão bem com seus sonhos sendo preparado. Então não adiantava naquele momento eu ouvir nenhuma palavra.
O tratamento quimioterápico: Ouvir que o Junior teria enjoos, ferimentos na boca, os cabelos iriam cair, os pelos dos cílios e das sobrancelhas não foi pra gente. Imaginar e vê é muito diferente do real, da prática, Foi um choque, eu olhava para o Junior e a minha vontade era de chorar.  Era uma vida muito dolorosa que ele teria que ser forte, aguentar firme para se sair bem e ser um grande guerreiro, mas o caminho era muito longo e dolorido. Eu estava desmoronando por dentro só de pensar. No banheiro na hora do banho era o meu momento. Ali, sozinha sem dizer uma palavra, com a água do chuveiro caindo para fazer companhia as minhas lágrimas.
O humor do Junior foi piorando, ele pedia pra Deus levar ele logo. Eu me segurava pra não chorar na frente dele, apenas o abraçava e dizia que logo essa fase iria passar, mas ele falava mais alto que eu:
- É fácil pra senhora dizer isso, não é você que está passando por isso.
Ele passou a dormir comigo na cama, ficava inseguro de dormir sozinho. E as noites eram longas. Eu mesmo não me ajoelhando e rezando, suplicar a Deus, eu pedia a Ele somente forças:
- Senhor dai-nos forças, por favor.
Quando veio os enjoos, ele não conseguia se segurar e toda vez que ele vomitava pedia desculpas.
- Desculpas, eu não consegui me segurar.
Eu não sei de onde tirava um sorriso e dizia pra ele;
- Meu amor não tem problema.
O bom que Deus não nos deixa jamais sozinhos, ele nos envia pessoas lindas pra nos dá forças, palavras de carinho, dicas de como agir durante os enjoos as feridas na boca. A mudança na alimentação, comer coisas saudáveis menos besteiras principalmente em locais públicos.  

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Uma nova forma de vê a vida.

   Nada como um dia após o outro.




E veio o câncer, e agora?
   A vida nos prega peças!  Não sei dizer o certo se é a vida ou o destino. Vivíamos bem antes do diagnóstico do câncer. Mas o que seria viver bem? 
    Eu estava terminando a faculdade com o apoio do meu esposo, que sempre me ajudou me dando forças pra não desistir de estudar. Pois ás vezes o desanimo batia e me dava  vontade de desistir. Ele sempre  esteve ali comigo. Animando-me, não só ele como as crianças também me apoiava e davam-me forças.
    Quando finalmente estava quase concluindo a faculdade. Sabe aquele frio na barriga, então, eu sentia quando pensava:  O que vai acontecer  depois que eu terminar? Vou trabalhar? Será que vai demorar a chegar  um emprego? Animadamente me dediquei à faculdade, fazia matérias de manhã e algumas a noite, queria acabar logo e começar a trabalhar. Mas quando eu chegava em casa, às crianças muitas das vezes já estavam dormindo. O meu mais velho eu ainda o via a tarde e pela manhã, mas o Nilton Junior  saía cedo e voltava à tarde, muitas vezes quando eles chegavam em casa eu já estava na faculdade. As tardes o Nilton Júnior ficava no trabalho com meu esposo, eu só o via pela manhã. Essa era a rotina da semana, nos sábados era tão corrido que eu quase não tirava tempo para ficar com eles, brincar com eles como eu fazia antes quando eles eram bebês. E ler um livro para eles era muito raro.
     Quando eu comecei a fazer faculdade o meu filho mais velho estava com quase 9 anos e o Nilton Junior com seis anos. Sabe anjos? Então, eu tenho, o meu esposo, ele se desdobrava para eu não me atrasar nas matérias da  faculdade. Ele fazia de tudo para chegar do trabalho antes do meu horário.  Ele sempre me apoiou a continuar estudando.
          Às vezes tinha sorte de  encontrar eles  no meio do caminho. O Junior vinha tão cansado com meu esposo, mais eles sempre me davam um sorriso lindo e um beijinho. O Junior dizia: - Tchau mãe vai com Deus. 
             Nada é fácil, não adianta acharmos que tudo é como imaginamos, sonhamos. 
     E finalmente eu tinha terminado todas as matérias, estava animada para fazer a colação. Mas meu filho Nilton Junior fazendo um teste para goleiro  fratura o ombro direito. Passa para o teste de goleiro, entretanto fratura o ombro direito. É importante que se isso acontecer com alguém, corre para o médico, sei que os hospitais públicos são precários, mas é importante fazer um raios-x, não fazer como eu tratar como se fosse uma pequena fratura.
      Eu me culpo, pois estava preocupada com as matérias, estágio, entre outras coisas. Assim que eles chegaram do treino, eu estava ocupada lendo alguma coisa e não dei muita importância no que o Júnior disse de estar com dor, fiquei feliz por ele ter passado, ele se questionou sobre a dor no ombro:
    - Mãe eu estou com meu ombro doendo?
     Eu olhei pra ele e disse: - Pega uma dipirona e toma. 
     E assim ele fez, tomou um banho, jantou e foi dormir. No dia seguinte, depois dele acordar, antes de se arrumar para a escola ele disse que estava com dor, eu voltei a dar a dipirona. E disse pra ele espera que a dor iria diminuir. Quando eu fui ajudar ele a tirar a roupa para tomar banho, pois ele estava com dificuldades em levantar o braço, me assustei com o ombro inchado.  
     Nunca imaginávamos que aquele inchaço era um tumor. Foram duas semanas tratando como se fosse uma fratura. Como no mesmo ano (2018), eu tinha torcido o pé e o inchaço saiu com compressas e dipirona pra dor, eu e o meu esposo imaginávamos que o ombro dele seria assim. Por isso que tratamos com dipirona e compressas, massagens, e gelol spray. Tentamos também salompas, mas nada fazia o ombro diminuir.
       Quando fizemos o raio-x, e o resultado deu tumoração, achávamos que era erro médico, depois que fizemos a ressonância magnética e ficamos sabendo do resultado, o mundo desabou, ficamos sem chão. O resultado foi um tumor no ombro direito, câncer (Osteossarcoma), o ortopedista que viu a ressonância pediu para corrermos logo se não iriamos perder o Nilton Junior.
    No primeiro momento eu tinha absoluta certeza que era erro médico, os médicos erram. Mas meu esposo tinha ficado meia hora com o ortopedista na sala. Eu repetia para o meu esposo:
  - Amor é engano, volta lá e pede pro médico olhar direito.
     Assim que eu entrei na sala do ortopedista que ele viu a ressonância ele pediu para eu ligar para o meu esposo e esperar na sala de espera com o meu filho, ele falaria somente com o meu esposo. Eu pensei que o Junior tinha quebrado o ombro, precisaria de uma cirurgia. Mas quando meu esposo chegou foram meia hora dentro do consultório. Eu sentada com o Junior agoniada com a demora na sala de espera, enquanto meu esposo estava na sala do ortopedista. Depois que meu esposo saiu do consultório o rosto dele era outro. Eu não entendia nada, meu esposo agradeceu e disse:
   - Vamos conversar ali (uma praça que tinha em frente à clínica).
     Saímos de mãos dadas. Sentamos em uns banquinhos e ali ele desabou. Eu precisava digerir, era um choque pra mim, para meu esposo e o Junior. Foi uma sensação de termos caindo em um buraco fundo, eu só via escuridão. A vontade era de voltar no ortopedista e dizer que ele estava enganado.
        Aquela quarta-feira foi um dos piores dias da nossa vida. A primeira coisa que veio a minha mente foi à perda do meu filho Nilton Junior. Choramos e nos abraçamos, sim eu perguntei a Deus porque isso. Meu filho Junior chegou em casa enquanto meu esposo falava da notícia para a minha sogra eu tentava consolar meu filho, ele me abraçou chorando e gritou:
- Mãe porque Deus fez isso, Por quê?!!
    A primeira pergunta dele pra mim foi “eu vou morrer mãe”?
     Foi uma situação triste demais, eu queria gritar, nunca fui forte, não me sinto forte, mas eu precisava ser forte, liguei para uma amiga da faculdade e falei com ela, ela me disse:
  - Rô, eu sinto muito minha amiga, não tenho palavras para te falar nesse momento, mais se controla na frente do seu filho, seja firme, se for desmoronar faça isso longe dele.
   Quando ela me disse isso, eu olhei para o lado e vi meu filho com os olhos em lágrimas, assustado, eu também estava em lágrimas, respirei limpei os meus olhos e o abracei. Falei com ele que estaríamos juntos, que nada de ruim iria acontecer e que Deus estaria com a gente, seremos fortes juntos.
    Foram dias de choro, parei de rezar, não quis falar com Deus naquele momento.
    Mas eu sabia que Deus estava ali com a gente, pois foi à mão de Deus que mostrou o tumor, se não fosse isso teríamos perdido nosso pequeno. Conseguimos tratamento, veio os exames e com a confirmação do tumor eu fiquei aliviada. Agora tínhamos que rezar para não ter metástases no pulmão. Eu estava aliviada porque ele assim que descobriu o tumor foi tudo correndo rápido, graças a Deus. Aos poucos fomos contando com o apoio dos nossos amigos que são anjos que Deus nos manda. Mas infelizmente o tumor chegou a fazer metástases, eu me preocupei, pesquisei na internet coisas que só pioraram a situação. Nunca vão procurar na internet, ela ajuda, mais também angustia demais.
   Pesquisei o tratamento para osteossarcoma metástico, as consequências do tratamento, entrei em desespero. Caí o cabelo, isso não nos preocupava, mais outras consequências mais sérias como os enjoos e a falta de apetite. Li também sobre amputação. Era muita coisa para digerir, por isso que o meu erro foi pesquisar na internet. Nesse momento estávamos tentando colar os cacos da nossa vida. Como seguir em frente depois do diagnóstico? E como ficaria a vida do meu filho?

Um amor fofo.




                                                        Conhecendo o Nilton.

                No dicionário Houaiss (2008), a vida é: "Período entre nascer e morrer; modo de viver". Na descrição é bonito, mais e na prática? Como vivemos?
         A vida é tão bela, tão protagonista de si que falar dela nos causa até desânimo, pois na prática muitas das vezes é duro viver. E já pensarão como uma criança pensa sobre viver? O que é viver para elas? É uma oportunidade única, é aproveitar cada dia. Já perceberam elas brincando, tudo elas aproveitam, se um brinquedo está quebrado não jogam fora, aproveitam um boneco (a) sem braço e pernas e vão brincar.
     E como vemos a vida, nós adultos? O trabalho é necessário, mas e aproveitar a nossa vida? Como estamos aproveitando? A gente só pensa no que é a vida,  quando nos deparamos com situações difíceis. 

           O Nilton Junior é um menino muito lindo, não porque ele é o meu filho, mais ele é especial, eu demorei muito a perceber o quanto ele ilumina a minha vida.
               Quem é Nilton Junior?
      Quando eu descobrir que estava grávida dele, me surpreendi, meu primeiro filho estava com dois anos, eu ainda estava terminando o ensino médio (2º ano). Os meus estudos estavam atrasados por ter engravidado terminando a antiga 8º série, hoje o 9° ano.        
       É bom deixar claro que eu nunca me arrependi de ter esses lindos em minha vida, ao contrário sem eles eu não sei qual seria o sentido da minha vida. Mas não estava preparada para  mais um filho, por conta dos estudos. Eu não fiquei triste pela chegada do Nilton, ao contrário dei uns pulinhos entre a sala e o quarto com o exame da farmácia na mão mostrando para o meu esposo.
        Quando eu fiz a ultrassonografia já estava com quatro meses de gravidez. E no mesmo dia ficamos sabendo do sexo, antes mesmo de abrir a boca ao telefone o meu esposo falava:
- Eu não disse que seria um Nilton! (risos). Eu estava animada, mas preocupada com os estudos e como seria daqui pra frente com dois bebês. 
    O Nilton Junior veio para causar, sabe aquela criança que mexe com todo mundo, que tem um jeito só dele. Esse é o Nilton Junior, ele é sério, mais quando você o conhece não quer desgrudar. Ele nasceu no momento mais difícil da minha vida e do meu esposo. Estávamos desempregados, eu estudando e tomando conta do meu mais novo, meu esposo procurando emprego, mais parecia que uma nuvem tinha pairado sobre a gente, mas sempre tem uma luz no fim do túnel. Sempre firme na fé, pensava: vai dá certo, pois Deus está com a gente, nunca critiquei a Deus por nada, sempre estava ali orando e pedindo para ele não se esquecer de mim, dos meus filhos e do meu esposo.
     Ele nasceu um bebê lindo, quase seis quilos, 52 centímetros, um bebê lindo e grande. Há tão cabeludo, acredita que ele tinha cabelos até nas orelhas e nas costas. Porém, infelizmente com dez dias de vida ele teve bronquiolite, e o umbigo dele inflamou. Crianças com sete dias o umbigo já caiu, mas o do Nilton não caiu, ao contrário inflamou.
    A minha experiência com meu primeiro filho foi totalmente diferente, o meu mais velho quase não teve cólicas, catapora umas cinco bolinhas espalhadas. Já o Nilton, ele teve cólicas, chorava muito, catapora por todo o corpo com 6 meses de vida, alergia e foi internado com dez dias de vida. Eu parecia uma mãe de primeira viagem, só pra ressaltar que o meu mais velho estava com dois anos, à diferença era bem pouca do Igor (meu filho mais velho) para o Junior. Então não era para eu está tão perdida com o segundo filho. Mas nada é igual. Porém eu estava muito perdida, no dia que o Nilton ficou internado a pediatra da emergência me deu um grito:
       - Mãe, porque não o trouxe antes? Um bebê dessa idade não é permitido tomar xarope. 
    Eu não sabia se chorava por vê meu filho sofrendo daquele jeito, ou da médica gritando comigo como se eu fosse à culpada. E não era mesmo! O Nilton estava sendo acompanhado pelo posto de saúde, perto da minha casa. Ele fez as primeiras consultas, e estava tudo bem com ele. Depois de uns nove dias ele começou a ficar com o nariz com secreção, levei no posto e falei com a pediatra dele, ela passou um xarope e disse que poderia dá para ele. Eu não sabia que ele teria alergia e dei pra ele, a quantidade certa, no mesmo dia. E no dia seguinte ele não conseguia respirar, chorava e começou a ficar com manchas vermelhas no corpo. Eu como mãe não adivinharia jamais que isso poderia acontecer.
   Internado pela primeira vez, dez dias, era um mundo novo e assustador, Encontrar acesso no bebê é muito difícil, ele chorava muito, era de arrancar o coração quando ele perdia o acesso, eu não imaginava que passaria por isso.  O primeiro dia ele foi para o UTI, meu coração foi não sei onde, chorei e pedi muito para Deus salvar meu filho. Ele só tinha dez dias de vida, não aproveitou nada da vida. Nem aprendeu a falar mamãe, papai, brincar com o irmão. Chorei e pedi:
       - Senhor, por favor, salva o meu Niltinho.
Acreditem, com menos de dois dias ele saiu da UTI. Graças a Deus! O médico veio e me disse:
     - Mãe o seu filho tem sopro no coração, e infelizmente vai ser dependente da bombinha de asma. Não vai poder correr entre outras coisas.
      Os médicos falam numa frieza, eu até entendo o motivo deles serem assim. Era muita coisa pra digerir, não chorei me segurei, pois ainda estava digerindo a notícia, o cérebro ainda estava processando a mensagem. Eu olhei para o médico e fiquei calada, eu não poderia dizer que ele estava mentindo é o médico. Eu saí da sala do médico atordoada, sem entender o que eu estava fazendo ali. Pensar nessa hora não dá, a gente vai processando as coisas.
        Eu fui até  incubadora onde ele estava (A maior incubadora que tinha, pois ele era grande, e todas as enfermeiras o mimavam por ser o bebê grande), ele dormia. Toquei no pezinho dele e mais uma vez pedi socorro a ELE, Deus. Ali chorei calada, só as lágrimas desciam. Ele era tão lindo, tão cheio de vida, tão pequeno e com tantas coisas para fazer, um mundo novo para descobrir, seria muito triste pra ele.
     - Senhor, por favor, eu te rogo olha pelo meu filho, peço que interceda por mim Maria mãe de Jesus, ao teu filho que Ele possa olhar pela  vidinha do Nilton. 
     No outro dia, vieram o médico e a enfermeira,  fizeram o exame do coração e graças a Deus não tinha nada de sopro. Eu sempre estive calma, claro que chorar faz parte, sou humano, mas   questionar, ficar com raiva e descontar nas pessoas não mudaria a situação, o jeito era ficar calma e confiar que tudo é possível.
    Ele recebeu alta, fomos para casa. Casa, melhor lugar não existe do que a nossa casa. Ele teve algumas recaídas da bronquiolite, mais graças a Deus não precisou da bombinha, corria, jogava bola, tomava banho de chuva. Uma criança normal. Com as pirraças, e sempre foi um menino decidido era o que ele queria e pronto aí se não fosse assim. 
   Quando ele fazia pirraça eu pegava uma cadeirinha que ele ganhou e colocava-o sentado, explicava o motivo dele ficar ali sentado por pequenos minutos. Eu o deixava no quarto, e como a cozinha era bem próxima dava para dá uma olhada nele. Era eu virar as costas que ele saia da cadeira, e ria. Eu voltava e colocava-o de novo. Outra vez eu briguei com ele não recordo o motivo. Observação: têm alguns brinquedos que são umas armas para as crianças, como os carrinhos da  hot wheels. Eles tinham muitos desses carrinhos, e nesse dia, um desses carrinhos virou uma arma. Acredita que ele por pirraça pegou esse carinho e tacou em mim, o azar foi que acertou no meio da minha testa.
    Ele sempre foi assim, uma benção do senhor, mais era muito carinhoso também. Eu sempre disse para os meus filhos o EU TE AMO. Para o Nilton era assim:
  - Junior eu posso te contar um segredo, mas não conta para ninguém.
  - Tá bom mãe, conta o segredo.
  - Eu te amo.
     A minha vida estava completa, com meus três amores. Meu esposo, e meus dois filhos. As outras coisas na vida financeira eu sei que um dia viria. E fui aproveitando cada fase dos meus filhos. E o Nilton, cresceu hoje com seus 11 anos. Desde pequeno ele sempre falava o que sentia e se ele não gostasse de você ele falava na sua frente. Sobre a vida? Eles me ensinam muito, eu aprendo mais com eles do que comigo mesmo.
   Eu achei que tudo estava perfeito, que assim que terminasse o ensino médio faria uma faculdade e depois iria ter o tão sonhado emprego, mais sonhar é bom, com os pés no chão. E tem coisas que acontecem na nossa vida que é um aprendizado de fé.
   Hoje o Nilton Junior é muito especial, forte e meu exemplo de vida. Ele me mostra a cada dia que veio para esse mundo causar sentimentos bons, nos mostrar o valor da vida. Quando a gente (eu, meu esposo, Nilton e Igor) descobrimos o câncer foi dias, semanas, meses assustadores, dias de choros de incertezas, mas Deus sabe de todas as coisas, é Nele que eu estou me agarrando.
    Hoje estamos mais unidos e aproveitando cada momento, amanhã não sabemos dele. A vida é um sopro, hoje estamos aqui, pode acontecer tantas coisas na nossa vida, por isso ame muito quem está com você, seus pais, irmãos, filhos, sua família e amigos, e viva, como o Nilton fala pra mim:
-Viver é aproveitar enquanto estamos vivos, poder sonhar e amar.
   Nilton é uma pessoinha que Deus me deu e sei que muitas coisas boas irá acontecer na vida dele. Estarei do ladinho dele, amando e cuidando, como eu falo pra ele que estamos juntos pro que dê e vier. Hoje ele tem 11 anos, fala o que pensa, reclama, pergunta para  Deus o motivo de tê-lo escolhido  para passar por esse processo. Eu falo para ele que por ele ser uma pessoa especial, Deus o escolheu. 

OSTEOSSARCOMA METASTÁTICO

                                            Osteossarcoma Metastático: 
  Osteossarcoma é a neoplasia óssea mais frequente em crianças e adolescentes entre 0 a 19 anos. É mais frequente no sexo masculino, ocasiona em ossos longos sem região de metáfise. Os principais locais são: Fêmures, tíbiase região proximal de úmero, podendo ocorrer fraturas patológicas.

O que são metástases:
   As metástases: Quando o câncer se espalha além do local onde começou (sítio primário), para outras partes do corpo é denominado metástase.  A nova área que os tumores metastáticos se alojam e podem formar novos tumores são os pulmões. Mas não é sempre que esses tumores crescem nessa região, existem outros órgão que podem dá metástases como osso, fígado, coluna, cérebro, pulmão etc. 
  Porém o mais comum é no pulmão.

Tratamento para Osteossarcoma metastático: 
      Quimioterapia e cirurgia. 



site de pesquisa: 

Osteossarcoma: inca.gov.br/tipos-de-cancer.